Atos 1 – O Comissionamento

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I.  INTRODUÇÃO

Lucas narra a história da fundação e estruturação da Igreja,  apresentando a sua natureza, seu método de avanço e o alcance da mensagem que ela deveria proclamar. Mensagem que havido sido confiada por Jesus ressurreto, o Senhor soberano sobre todas às coisa Messias de Israel, considerando a preparação dos discípulos para o início da Igreja, sua fundação começo, seus conflitos com o sistema religioso judaico, com a cultura do mundo greco-romana e dentro da própria congregação;  seu avanço, seguindo a metodologia dada por Jesus,   entre os judeus, samaritanos e gentios.

Ele narra como Igreja, em seu ímpeto missionário evangelístico, ultrapassa as fronteiras de Jerusalém, adentrando o mundo gentio, primeiro pelo trabalho realizado pelo apóstolo Pedro e, depois, por intermédio do apóstolo Paulo,  em meio a muitos desafios. Três personagens se destacam neste esforço: Pedro, Estevão e Paulo.5.    Suas doutrinas distintivas da religião judaica.Observação:O início da história da igreja não é o início do plano redentor de Deus, mas se trata da continuidade de um projeto que que teve seu início antes da fundação do mundo. Uma história com começo,  mas que ainda não terminou de ser contada; nós somos hoje os personagens dessa história. O Propósito no Evangelho,  “o primeiro livro”, Lucas, um gentio, narra a história do nascimento,  vida, morte e ressurreição do Filho de Deus,  por meio de uma pesquisa histórica e biográfica. Já em Atos,  ele dá continuidade a essa narrativa tendo em vista o mesmo destinatário, o “excelentíssimo Teófilo” (Lucas 1:3), que pode ter  sido um alto oficial romano que aceitou a fé cristã.  Na ocasião em da escrita Paulo está preso em Roma (entre 60 e 70 d.C.).O que se pode perceber na narrativa de Lucas é que a história da redenção dos escolhidos e da criação ainda não terminou com os evangelhos, mas tem sua continuidade na história humana,  até  os dias de hoje. Estamos continuando a fazer aquilo que Jesus começou a fazer e a ensinar (1.1).O Comissionamento Jesus, glorificado,  com “toda autoridade que lhe foi dada  no céu e na terra”, comissiona seus discípulos antes de sua ascensão (Mateus 28.18-20), dando-lhes uma ordem. “A ordem é obedecida na medida que se reconhece a importância da pessoa que fala. A adoração dos discípulos a Jesus ressurreto revela a grandeza como que ele viam a Jesus Cristo nessa ocasião; eles o viram de fato como aquele que estava de posse de “toda a autoridade no céu e na terra” (Mateus 28.18; Filipenses 2.99-11); O Agente Condutor da Comissão ▪︎O Espírito Santo (2.2) seria o agente Deus pelo qual Jesus conduziria sua igreja (João 14.16,17; 26), ao qual os discípulos deveriam se submeter a fim de que a igreja alcançasse êxito em seu esforço evangelístico (16.6,7). A pessoa do Espírito Santo seria o meio pelo qual Jesus ordenaria a igreja, após sua ascensão. Os apóstolos que Jesus escolheu seriam aqueles que, sob condução de Espírito,  dariam início a esse grande empreendimento redentor de Deus (2.2).O Espírito Santo assume a obra, e direciona os apóstolos para darem início a esse glorioso ministério (João 15.26,27; 16.5-15), na ocasião em que Jesus Cristo, ressurreto,  assume sua posição de gloriosa e soberana (Hebreus 8.1; 10.12; Atos 2.33-36; Filipenses 2.9-11). Servimos debaixo da autoridade de Jesus Cristo, sob a direção do Espírito, ao qual devemos estar submissos, independente da circunstância para a qual eles irá nos conduzir. A Motivação O fator motivador para os discípulos era que eles tinham um Senhor  vivo, que havia triunfado sobre a morte; “que se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis”.  (1.3; 1 Cor. 15.3-8). Para esses agora, a morte não seria uma um temor, mesmo diante de sua ameaça,  não deixariam de testemunhar (Estevão). Não haveria impedimentos, por isso, ousados,  avançariam porque, como disse Pedro às autoridades religiosas judaicas: “não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (4.20). ▪︎Durante seu ministério,  Jesus tinha uma mensagem específica  – anunciava o reino para os judeus, mas ele, como o Rei Messias,  foi rejeitado (v.3; João 1.11,12).▪︎Agora a igreja ao ser instituída, anunciaria esse Messias rejeitado e crucificado como “o Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens” (17.24); Senhor e redentor de todos os homens, independente da raça. Essa seria a mensagem da igreja; não há outra mensagem. ▪︎Está foi a mensagem entregue ao Espírito Santo que, por sua vez, entregou aos seus servos, os apóstolos que, consequentemente, entregaram a nós – “Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei”  (1 Cor. 11.23; 15.3; 2 Pedro 1.19-21); estamos aqui para anunciar a cruz de Jesus, e suas implicações na vida daquele que por ela é alcançado; estamos aqui para anunciar Jesus como Senhor  e Cristo de sua criação e de seu povo escolhido; sendo ele o único meio de salvação da condenação e consequências do pecado.[1]Salvar: hebr. yãsha’ , ajudar, libertar; tirar ou procurar tirar alguém de um fardo,  opressão ou perigo (Êxodo 2.17).  O Local de Origem – Jerusalém [2]▪︎Jerusalém (1.4), que desde Davi era o centro político e religioso de Israel,  a cidade do grande Rei, onde fora construído o templo do SENHOR. Ali seria o grande palco, onde Jesus inauguraria sua igreja. ▪︎O Espírito Santo (1.5), viria para inaugurar uma nova fase no plano redentor de Deus e, como nos diz Paulo, um mistério, que estava oculto, seria revelado às nações gentílicas (Efésios 3.5,6). Ele seria não somente o condutor dessa grandiosa obra,  mas também o selo da redenção. Seria a pessoa que desencadearia o evento que inauguraria a igreja (Efésios 1.13,14), e encheria todos os salvos com o poder para testemunhar,  para propagarem a mensagem de salvação,  o evangelho.▪︎O livro de Atos conta a história de como, sob a condução do Espírito, discípulos obedientes ao Senhor, sob muita opressão e desafios, partindo de Jerusalém, tornaram este ministério conhecido de judeus, samaritanos, gentios e pessoas de todas às etnias e classes sociais. Atos é uma grandiosa história de salvação que nos alcançou e que, através de nós, deve alcançar muitos outros (Atos 11.19).Ainda não chegou o reino prometido a Israel Tudo tem seu tempo determinado por Deus.Estava ali Jesus ressurreto. O judeus esperavam, na ocasião da ressurreição do Messias, um outro evento prometido por Deus. Eles viviam na expectativa da restauração do reino a Israel sob a liderança mundial do Messias (Isaías 4.2-6). Zacarias também profetizou sobre esse glorioso dia que se inicia com um grande levante mundial contra Israel, que será oprimida pelas nações:EIS que vem o dia do SENHOR, em que teus despojos se repartirão no meio de ti. Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será extirpado da cidade (BÍBLIA, Zacarias 14.1,2).No entanto,  em meio a essa angústia, o Messias surgiria e traria para eles a libertação e reinaria sobre as nações.E o SENHOR sairá, e pelejará contra estas nações, como pelejou, sim, no dia da batalha. E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente (BÍBLIA,  Zacarias 14.3,4a).Eles estavam no local do cumprimento dessa profecia, no Monte das Oliveiras. E estava ali com eles o Messias ressurreto, Soberano,  de posse de toda autoridade no céu e na terra. Chegara o momento ao qual o profeta Zacarias que “o SENHOR será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o SENHOR, e um será o seu nome” (BÍBLIA, . Eles estavam sob domínio romano, os judeus estavam muito incomodados sob essa condição, o que gerou muitas rebeliões dos judeus contra seus dominadores, narradas pelo historiador judeu Flávio Josefo na obra [3]A Guerra dos Judeus (79 A.D). Os judeus viam em Jesus aquele que os libertaria. Seria esse o momento em que o reino sobre Jerusalém seria devolvido a Israel? À essa expectativa Jesus responde: “Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder” (1.7).A verdade era que ainda não havia chegado a hora, o foco deveria ser outro; a obra de Deus estava em progresso. E esta obra era muito mais abrangente que somente a restauração de Israel. Jesus,  que se apresentou a Israel, deveria agora ser apresentado ao mundo, às suas criaturas, como Senhor e redentor.   Sejam Testemunhas!Não se Deve Perder o FocoEnquanto que alguns discípulos estavam olhando para uma direção,  Jesus apontava para outra, comissionando-os para uma missão: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (1.8).Devemos estar consciente de nossa missão. Não devemos nos distrair com outras questões, mesmo que para nós, tendo em vista as circunstâncias, como as que os judeus viviam  na ocasião, sejam difíceis,  e de aparente urgência para uma solução,  Deus está no controle com “exclusiva autoridade”, os planos são dele e não  nossos Jesus não havia sido enviado para estabelecer seu reino definitivo sobre a sua criação. Apesar de estar debaixo do controle de Deus, este mundo está sujeito aos homens que, por sua vez, estão sob domínio da sua natureza pecaminosa  e do diabo (Efésios  2.1-3). Mas Jesus estava por estabelecer um reino particular sobre um pivô que seria chamado – a igreja.O  propósito de sua vinda naquela ocasião não era estabelecer o reino prometido a Israel (Zacarias 14.9), mas realizar o sacrifício em favor de Israel e de todos homens (Isaías 53.1-13), e, através  de seus discípulos, anunciar as boas novas de salvação a todos os povos com base nesse sacrifício. Como diz Paulo,  “porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” ( 1 Cor. 15.3,4). Anunciar a cruz de Jesus, e quem era ele, era tudo que importava  no momento.Assim como Israel,  a igreja seria um meio, e não um fim em si mesmo. No fim, veremos a criação,  como um todo, restaurada, louvando e glorificando a Deus; a igreja está dentro desse propósito. Na resposta de Jesus a seus discípulos,  entendemos que a igreja tem uma um propósito e mensagem específica,  da qual não pode se desviar. O tempos e as eras, e o que deve acontecer no futuro, estão debaixo da soberana ordenação de Deus, não é de nossa competência; devemos estar focados na ordem de nosso Senhor Jesus Cristo.O problema é que às vezes as pessoas estão tão preocupadas com a revelação dos “mistérios”, em busca de novidades,  que esquecem daquilo que claramente já foi revelado sobre o que deve ser feito. O foco deve estar naquilo que deve ser feito hoje, agora. Não devemos querer antecipar as coisas futuras. Não podemos! A história humana e o futuro estão sob o controle de Deus. A questão é: Qual a nossa responsabilidade hoje?Existe um Objetivo Geral“O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (BÍBLIA,  Tito 2.14).Para alcançar o objetivo traçado por Deus,  em Cristo Jesus,  nós precisamos executar uma tarefa específica. Sei que no mundo que nos cerca, em decorrência do pecado,  vemos muita coisa que nos incomoda: injustiças sociais,  governos corruptos,  fome, miséria, violência e etc. Os judeus também vivenciavam tudo isso e esperavam que estabelecimento do reino resolveria tudo para eles; e realmente resolverá. O problema é que muitas vezes achamos que está dentro de nossa missão resolver tudo isso; essa era a razão das “Guerras Judaicas”. Lembrem-se que pesar de estar debaixo do controle de Deus, este mundo está sujeito aos homens que, por sua vez, estão sob domínio da sua natureza pecaminosa  e do diabo; o problema não está na estrutura social,  mas no próprio coração humano.  Esse precisa de mudança. As circunstâncias mundanas são sintomas de uma doença maior muito que a humanidade enfrenta, que somente o avanço do evangelho pode curar – o pecado. Essa é a nossa tarefa – ser testemunhas. Há Capacitação de Deus para realização da tarefa Deus chama, confia a tarefa e capacita para que haja sua execução: “e recebereis poder” (1.8; δύναμιν ). Há uma capacitação para realizar milagres, sendo o maior deles a mudança no coração humano em rebelião contra Deus.▪︎A qual não será realizada na força da carne – é dependente de um revestimento espiritual – o Espírito Santo. Ele é quem fará a obra no coração humano; ele conduzirá o homem ao arrependimento e à conversão.”Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo ( 2 Cor. 10.4-5).▪︎A tarefa declarada – o que fazer? “ser-me-eis testemunhas (μάρτυρες). Dessa palavra veio o termo “mártir”, ou seja,  aquele que morre por sua fé ou por uma causa; esse seria o ônus da tarefa para muitos cristãos, assim como foi para Estevão e para muitos dos apóstolos. Como fazer? Os discípulos deveriam falar daquilo que experimentaram,  que viram  e ouviram (2.32; 3.15; 5.32; 1 João 1.1). Praticamente,  todos os que fossem alcançados pelo evangelho naturalmente tornar-se-iam testemunhas.  ▪︎O alcance da tarefa  > O centro religioso – Jerusalém, a cidade do Rei dos reis,  onde entrariam em confronto com as autoridades religiosas judaicas.  > Toda Judeia – a região onde se encontrava Jerusalém.   > Samaria  – mestiços rejeitados pelos judeus; eles tinham alguma coisa em comum (2 Reis 17.24-7; João 4.12,20,25).  > Os confins da terra  – as nações gentílicas, algo inconcebível para um judeu daquela época.[1] VINE, W. E., e al. Dicionário Vine: O significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2002 p. 275[2] Pesquise sobre Jerusalém, sua importância para os judeus, nas profecias e para os propósitos de Deus? [3] JOSEFO,  Flávio. La guerra de los judíos. Traducción de Juan Martín Cordero (1531-1600). Corregido y adaptado al español  contemporáneo por Eduardo Casas Herrer. España: IUDEX, 2021.